“Vive o mundo sempre em guerra

Ambicioso e sanhudo

Tudo brigando por terra

E a terra comendo tudo!”

 

Concerto de Ispinho e Fulô é um espetáculo que tem como tema a vida e obra do poeta cearense Patativa do Assaré, que nos inspiram a reflexões sobre os destinos da poesia popular, sua importância no desenvolvimento de uma consciência crítica e na formação da identidade de um povo. O espetáculo não se fixa nos aspectos biográficos do poeta cearense, mas faz uma leitura da obra poética de Patativa, utilizando-se de diferentes linguagens e tendo como norte as concepções de Paulo Freire acerca da formação do sujeito consciente. 

Sobre o espetáculo

“Concerto de Ispinho e Fulô”, espetáculo brotado da vida e da obra do poeta Patativa do Assaré sob a ótica das concepções do educador Paulo Freire acerca da formação do sujeito consciente, traz à tona a sua incansável e constante luta pelos direitos igualitários, a exaltação à natureza, à sua adorada terra e sua irreverência poética. Este é um espetáculo no qual os espectadores participam como se estivessem no quintal da casa do Poeta, tomando café, cajuína e cachaça, dando seus depoimentos, iluminando a cena e escrevendo seu chão. Este espetáculo foi contemplado pelo Concurso de Apoio a Projetos de Produção de Espetáculo Inédito da Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Estado de São Paulo através do Programa de Ação Cultural – 2008. 

De Antônio Gonçalves da Silva a Patativa do Assaré. Do homem ao Poeta.

Que trajetória percorre um homem semianalfabeto, com todo um mundo contra si, até atingir a poesia? Gênio, genética, sorte, estado de graça? Pode essa trajetória ética/estética, se destrinchada, interessar a nós habitantes das grandes cidades do século 21? Aí está a razão de nosso trabalho. Acreditamos que sim e essas perguntas são os motores primeiros de nossa pesquisa.

Patativa do Assaré, poeta autodidata, ganhou projeção em todo o Brasil nos anos 50 por ocasião da regravação de "Triste Partida", toada gravada por Luiz Gonzaga. Filho de agricultores, Patativa nasceu no dia 5 de março de 1909 em Serra de Santana. Cedo, o menino Antônio Gonçalves da Silva teve que se dedicar à roça, espaço síntese de labor e criação, onde natureza e cultura dialogavam e se ofereciam como laboratório para o poeta.

O menino logo cedo começou a perder a visão, vítima de uma doença chamada por ele de “mal dos olhos”. Curioso de tudo o que havia a sua volta e além, o pequeno Patativa ensaiava seus voos versejando enquanto carpia. A idade adulta chegou com o mesmo cenário, com as mesmas dificuldades, mas com voos mais altos: poesia difundida em livros, em discos, em filmes e objeto de análise em universidades e uma legião cada vez maior de admiradores e fãs. 

O agricultor que se fez verbo para se tornar homem

Patativa do Assaré, pássaro homem que sopra de seu canto sons de torrões, alegrias de sertões, inspirações de Camões e choros aluarados para aguar a sua terra, que de longe tempo se queima. Passarinho solto vigiando seu espaço, se alimentando de seu cheiro, abrindo seu bico, tico, tico para as liberdades. Ave solta com rumo, prumo certo para o alvo da construção de sua messe poética para os mundos. Antônio Gonçalves da Silva, agricultor de um tempo, que agiu certo na terra para apenas lhe tomar um pouquinho e depois lhe restituir em glórias através de sua lira de amor obcecado. Terra prometida no real e em sonhos com cuidados na vida e sentido no tempo. Natureza que é homem e homem que é

natureza fundindo-se na paz e no grito, na resistência a um sistema não natural, aquele que massacra, que é pobre por natureza, que troça com as posses alheias, fazendo do artificial a plataforma de vida universal.

Uma voz que une no espaço um protesto, culminando num gesto atemporal de sentença única da justiça para todas as coisas (daquilo que é natural). Um miúdo corpo que se agiganta quando brada seu tino porque está arraigado num tempo da voz de árvore centenária, rodeada de sabedoria e da ação do tempo da experiência. Uma tragada de história que nunca sabe como começa, mas que quando começa nunca sabe como termina.

O Poeta dos seis meses de escola, de uma escola viva que observa e lê o mundo através de sua aldeia, escrevendo os primeiros rascunhos no caderno chamado terra, fazendo seu próprio abecedário, aprendendo com a escrita voadora dos passarinhos e com os contornos de poeira no ar, que pincela o tempo com seu verbo afim de cair uma chuva de rima em cima da terra. Salve seu Antônio, o poeta agricultor e passarinho do sertão, que se fez homem para se tornar Verbo.

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Sinopse

A “Rádio Caldeirão, conexão São Paulo/Assaré”, inicia sua homenagem ao poeta Patativa do Assaré e à comunidade Sítio Caldeirão de Santa Cruz dos Desertos.
No centro do palco, o poeta Patativa nasce dos escombros do Sítio Caldeirão. Uma companhia de teatro vinda de São Paulo faz uma viagem no tempo e chega ao Cariri com o objetivo de entrevistar Antonio Gonçalves da Silva, o Poeta.
Na medida em que Patativa engendra seus versos, desfilam diante dos olhos do público as dores da seca, os animados bailes de sua gente, a receptividade do sertanejo, a graça de suas histórias, seus desejos e suas inquietações, suas esperanças e desilusões e também os massacres cotidianos aos quais nós, os do Brasil de baixo, estamos cotidianamente expostos. O que seria uma entrevista costumeira se transforma em um grande passeio, um verdadeiro encontro entre seres humanos e entre dois mundos tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes: São Paulo-Assaré/Brasil. As transmissões terminam com a triste notícia do massacre de uma comunidade agrícola: O Caldeirão da Santa Cruz dos Desertos.

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Ficha Técnica
 

Direção | Rogério Tarifa 

Elenco | Dinho Lima Flor, Fabiana Vasconcelos Barbosa, Karen Menatti, Rodrigo Mercadante e Thais Pimpão 

Músicos | Aloísio Oliver, Jonathan Silva, Maurício Damasceno 

Direção Musical | William Guedes 

Figurino e Cenografia | Silvana Marcondes 

Desenho de Luz | Fábio Retti

Composições | Jonathan Silva e Dinho Lima Flor 

Coreografia | Jorge Garcia 

Preparação Vocal | Rodrigo Mercadante 

Consciência corporal | Erika Moura

Apoio Teórico | Iná Camargo Costa 

Programação Visual | Fábio Vianna 

Fotos | Fábio Vianna, Vico Torres, Juliana Baraúna, Roberto Skora e Alécio Cézar  

Produção | Dinho Lima Flor e Cris Raséc

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Premiações:

 

- Vencedor do Prêmio Shell 2009 na categoria Música. Indicado ao Prêmio Shell na categoria Especial pela Pesquisa e Montagem do espetáculo. 

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- Vencedor do Prêmio CPT 2099 na categoria Projeto Sonoro. Indicado ao Prêmio CPT 2009 na categoria Melhor Espetáculo em Espaço Não-Convencional.

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ALGUMAS TEMPORADAS:

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Local: Teatro de Conteiner

Evento: Mostra Tijolo

Período: maio de 2022

 

Local: SESC na FLIP – Paraty

Evento: SESC Caborê – FLIP

Período: julho de 2019

 

Local: Galpão do Folias

Evento: Temporada no Teatro Galpão do Folias

Período: 19 até 29 de abril de 2018

 

Local: 15 cidades pelo Brasil (entre elas Itabaiana, São José do Egito, Palmeira dos Índios, Cordisburgo)

Evento: Patativa do Assaré: Um bordado e um abraço – Circulação Nacional Correios

Período: 08 de julho até 03 de setembro.

 

Local: TUSP – São Paulo

Evento: Ocupação TUSP – Repertório

Período: maio de 2015

 

Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro

Evento: Temporada

Período:19 a 29 de abril de 2012

 

Local: Grupo XIX de Teatro/ Engenho Teatral/ Sacolão das Artes – São Paulo

Evento: Temporada em Teatros de Grupo da cidade de São Paulo

Período: julho até outubro de 2012

 

Local: SESC Pompéia

Evento: Temporada

Período: 10 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

 

Local: 40 cidades pelo Brasil (entre elas Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo)

Evento: Palco Giratório – SESC Nacional

Período: março a novembro de 2011

 

Local: Copenhague – Malmoe Dinamarca

Evento: ASSITEJ Performing Arts Festival

Período: 20 a 29 de maio de 2011

 

Local: Usina de Arte João Donato – Rio Branco/Acre

Evento: FestUsina

Período: agosto de 2010

 

Local: TUSP – São Paulo

Evento: Temporada no Teatro da USP

Período: maio de 2010

 

Local: Assaré-CE, Nova Olinda-CE, Crato-CE, Juazeiro do Norte-CE, Sobral-CE, Fortaleza-CE,

Caruaru-PE e Recife-PE

Edital: Myriam Muniz Circulação

Período: março de 2010

 

Local: Campinas-SP

Evento: FEVEREST – Festival Internacional de Teatro de Campinas

Período: fevereiro de 2010

 

Local: Teatro Coletivo - São Paulo

Evento: Temporada 

Período: 06 a 27 de fevereiro de 2010

 

Local: SESC Av. Paulista - São Paulo

Evento: Temporada 

Período: 21 de agosto a 11 de outubro de 2009

 

Local: Crato-CE, Juazeiro do Norte-CE e Fortaleza-CE

Evento: 11ª Mostra Internacional SESC Cariri de Cultura

Período: Novembro de 2009

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